O
início da manhã do ano novo trouxe o cheiro do pão caseiro e do forno quente. A
lenha aquece a cantaria refractária vermelha do Caniçal até que a boca do forno
dê o sinal cromático do aquecimento desejado para uma enforna do pão.
|
Rita Heliodora Martins a retirar o pão caseiro do forno. |
O
alguidar, hoje de plástico claro, e herdeiro da “amassadeira” redonda de
madeira e do recipiente quadrado, leva farinha de trigo, batata-doce, sal,
fermento padeiro e fermento em massa de pão, geralmente da última amassadura.
Este condimento de massa lêveda, normalmente retirado da raspadura do alguidar,
e que se chamava antigamente o “acrescento”,
era guardado num pires de loiça de Sacavém, com a cobertura de uma folha de
couve. Era colocado num armário de madeira ou na cantoneira da casa.
|
Perspectiva do forno de cantaria. Foto ES. |
A
massa, depois de bem amassada e misturada até “deixar de pegar”, fica uma hora a levedar abafada com toalha e
cobertor. Entretanto, depois do forno varrido, é enfornado com a seguinte expressão:“Nosso Senhor te acrescente no forno / E
graça de Deus pelo mundo todo/”.
Vigiado
para não queimar demais, é retirado com auxílio de uma pá e a aguardar a
chegada da manteiga. Bom demais…