terça-feira, 2 de julho de 2013

A ROMAGEM DE SÃO PEDRO, SANTA CRUZ

"Charola", edição de 2012. Foto ÉS.


Reconhecendo-se a importância do património cultural imaterial, e aos recentes normativos que tendem a proteger as práticas socias e eventos festivos (como componentes do património cultural imaterial), o grupo de cidadãos eleitores Juntos Pelo Povo (JPP), apresentou uma proposta de registo patrimonial de inventariação da Romagem de São Pedro, na Freguesia de Santa Cruz, Concelho de Santa Cruz, que se realiza anualmente no dia 28 de Junho.

Essa manifestação imaterial, de ativa participação das comunidades nas práticas sociais festivas de natureza religiosa e profana carece presentemente, e à luz das recomendações europeias e nacionais da salvaguarda do património cultural, de uma manifesta proteção jurídica, onde os municípios com as suas atribuições desempenham um papel catalisador e de salvaguarda fundamentais.

O evento festivo tradicional da Romagem de São Pedro tem início no Sitio da Fonte dos Almocreves (na área Norte da Paróquia da Lombada) - e desloca-se até ao Sítio da Boaventura (área Sul da citada Paróquia), onde está sediado o templo religioso Capela de São Pedro.

Edição de 2012. Foto ÉS.


Durante o percurso a romagem vai passando e vai agregando romeiros dos vários sítios, com a integração de barcos construídos em madeira (recheados de produtos agrícolas), gaiolas com animais vivos, charolas feitas com produtos agrícolas, e outros componentes materiais confecionados pela comunidade local.
Acompanha a romagem o pároco, os (as) festeiros (as), as entidades civis convidadas, uma banda de música e um ou mais grupos folclóricos.

Esta iniciativa visa, além da preservação de uma tradição ancestral, a promoção cultural de uma das atividades tradicionais que persistem num mundo cada vez mais globalizado, onde as atividades genuínas e identitárias merecem ser preservadas e promovidas.

in Semanário Tribuna, 28 de Junho de 2013.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Património do início do século XX - do Lar para o Jardim



Panela de Ferro a servir de vaso para flores, Gaula. Foto ES

Um dos trabalhos que faltam estudos de pormenor é o das panelas de ferro, muito comum nos lares madeirenses da primeira metade do século XX. 

A pouco e pouco vou realizando o levantamento: das tipologias, marcas, formas de uso e funções.


Em Gaula, é muito comum ver o fenómeno de desfuncionalidade (ou refuncionalidade) deste património de ferro nas diversas formas decorativas de jardim, ou nos terreiros das casas.


terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Pão de casa à moda da Rita, em Gaula



O início da manhã do ano novo trouxe o cheiro do pão caseiro e do forno quente. A lenha aquece a cantaria refractária vermelha do Caniçal até que a boca do forno dê o sinal cromático do aquecimento desejado para uma enforna do pão.
Rita Heliodora Martins a retirar o pão caseiro do forno.


O alguidar, hoje de plástico claro, e herdeiro da “amassadeira” redonda de madeira e do recipiente quadrado, leva farinha de trigo, batata-doce, sal, fermento padeiro e fermento em massa de pão, geralmente da última amassadura. Este condimento de massa lêveda, normalmente retirado da raspadura do alguidar, e que se chamava antigamente o “acrescento”, era guardado num pires de loiça de Sacavém, com a cobertura de uma folha de couve. Era colocado num armário de madeira ou na cantoneira da casa.


Perspectiva do forno de cantaria. Foto ES.


A massa, depois de bem amassada e misturada até “deixar de pegar”, fica uma hora a levedar abafada com toalha e cobertor. Entretanto, depois do forno varrido, é enfornado com a seguinte expressão:“Nosso Senhor te acrescente no forno / E graça de Deus pelo mundo todo/”.

Vigiado para não queimar demais, é retirado com auxílio de uma pá e a aguardar a chegada da manteiga. Bom demais…

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A Doçaria Madeirense, por Élvio Duarte Martins Sousa



A Doçaria Madeirense

A doçaria madeirense está diacronicamente conectada com o cultivo local da cana sacarina, iniciado na segunda metade do século XV, e com os demais produtos que foram sendo experimentados nas novas terras de cultivo de origem vulcânica. O comércio intercontinental com a Europa, Ásia e África proporcionou a troca e o usufruto de novos produtos, obtendo-se um receituário mais diversificado e não menos exótico.
Neste breve apontamento diacrónico sobre a doçaria madeirense conviver-se-á com um universo “sacarinoso” de fragrâncias ensaiadas em espaços conventuais, aristocráticos e populares. A diversidade terminológica dos “manjares” mencionados na documentação dos séculos XVI e XVII contrasta com o receituário existente nos dias de hoje. Resta-nos o bolo e as broas de mel, autênticos Ex Libris da doçaria madeirense.

Os primórdios do povoamento: a experimentação da cana e a produção do açúcar

O processo do povoamento do Arquipélago da Madeira terá ocorrido nos primeiros trinta anos do século XV, após os navegadores portugueses Tristão Vaz Teixeira, João Gonçalves Zarco e Bartolomeu Perestrelo terem aportado às ilhas por volta do ano de 1419.

Nessa fase de infraestruturação de uma terra até então desabitada, experimentaram-se produtos, matérias-primas e novas culturas, entre as quais a plantação de cana-de-açúcar. A transformação da paisagem agrícola pelo cultivo da cana, sobretudo, nas vertentes meridionais e mais timidamente a Nordeste, despoletou um conjunto de transformações que se reflectiram ao nível social (escravatura), económico (com a aquisição de riqueza materializada no património imóvel e móvel, através de bens sumptuosos que chegavam à ilha) e tecnológico (maquinarias de engenho movidas a água). As duas capitanias madeirenses, Funchal e Machico, apresentavam valores de produção distintos e que derivavam da variedade de condições orográficas, climáticas e mesológicas. Parece certo que uma parte significativa da extraordinária construção pétrea dos actuais socalcos (poios) que suportam as terras para o cultivo remonta a esse período áureo da cultura sacarina.

Os escritos do século XV fazem inúmeras alusões à riqueza alimentar da Ilha da Madeira, em especial à abundância de açúcar. Entre vários, lê-se na Crónica de Nuremberg [1492], uma alusão à qualidade do “ouro branco”: “produz vários fructos, principalmente a canna saccharina, que traz á ilha consideráveis lucros, inundando a Europa de óptimo assucar da Madeira, que é conhecido por assucar da Madeira” (AA, 1981, I: 42).

Sendo um produto assumidamente virado para a exportação e uma fonte de riqueza da ilha nos séculos XV e XVI, o açúcar assume uma óptica de mercado, tendo como destino os portos do Reino, da Europa mediterrânica e nórdica. A dinamização comercial gerada pela sua produção trouxe uma crescente afluência de mercadores, sobretudo de estrangeiros (italianos, flamengos, franceses), que acabaram por deter o maior volume de transacções (RAU, MACEDO, 1962). Deste modo, acompanhamos o açúcar a ser exportado para Bristol, Flandres, Génova, Roma, Livorne, Veneza, Bretanha, Constantinopla, (MIGUEL, 1955, n.º19:14-15). Paralelamente assume, também, uma maior expressão ao nível do consumo interno, em boa parte devido aos novos hábitos alimentares e ao fabrico de conservas de fruta, mas unicamente para os sectores mais abastados da população insular, dado ao preço praticado.

Fig. 1 – Convento de Santa Clara, Funchal. Foto Arquivo Regional da Madeira.
Fig. 2. Pormenor do fabrico do açúcar, Tractatus de Herbis, Dioscorides, século XIV. Propriedade Biblioteca Estense.
Doces e conservas: manufactura caseira e conventual
A frequência do açúcar no mercado insular e os habituais donativos para as instituições de assistência locais estarão na origem da doçaria conventual. Como já se referiu, o produto açucarado não foi apenas exportado como matéria-prima mas, também, em conservas de açúcar, ou seja, frutas cristalizadas e compotas.

A manufactura destas conservas era particularmente caseira e ocupou, em termos de laboração, a população local. As primeiras referências documentais que se conhecem datam de meados do século XV (1469), sendo implícita uma tarefa predominantemente feminina, independentemente da condição social: “molheres de boas pesoas e muytos pobres que lavraram os açuquares bayxos em tamtas maneyras de conservas e alfeni e confeitos de que am grandes proveytos que dam remedio a suyas vidas e dam grande nome a terra nas partes onde vam”. (AHM, Vol. XV, doc. N.º18: 48). Nos séculos seguintes (XVI e XVII) continuaram a fabricar-se conservas, em complemento com o açúcar oriundo do Brasil, como testemunhou o médico Hans Sloane na sua visita à Madeira em 1687: “alguns doces de conserva com marmelada, doce de cidra, que são feitos com açúcar do Brasil ou da própria ilha.” (SLOANE, 1981 [1687]:159).

A pouco e pouco, a produção da doçaria especializa-se nos ambientes conventuais pelas mãos das mestras doceiras. O registo de compras de açúcar local e brasileiro (incluindo frutas para conservas) nos livros de despesa das instituições religiosas do Funchal (conventos de Santa Clara, Encarnação, Mercês, Misericórdia e Recolhimento do Bom Jesus) denotam esse hábito doceiro. A exuberância das denominações concorre com o imaginário visual: manjar branco, suspiros, argolinhas, cordeiros de ovos, toucinho-do-céu, papos de anjo e barrigas de freiras (TRUEVA, 1987: 15).

É merecido destacar neste ambiente claustral as produções do Convento de Santa Clara. Uma vez mais, servimo-nos do depoimento de Sloane, que numa ida ao convento em 1687, e ao provar os doces e compotas, atestou: “nunca vi coisas tão boas “, (SLOANE, 1981:163). As freiras franciscanas confeccionavam conservas de açúcar e bolo de mel, para consumo interno e externo, nomeadamente para o Brasil, Flandres e Países Baixos (SOUSA, 2008: 34). No século XVII essa lavra constituía uma importante fonte de receita. Nos documentos desse período as freiras distinguiam os doces (“papos de anjo”, “barrigas de freira”, “bolo de mel”), das conservas de açúcar (fruta cristalizada, talos de alface e compotas), (SOUSA, 2008: 34; SOUSA, 1984: 8). Para os inícios do século XIX (1813-1814) a relação de despesa e de receita demonstra a diversidade dos doces para ocasiões festivas. Pelo Advento e Entrudo, sonhos, talhadas de amêndoa, broas e cavacas. Pelo Natal (argolinhas, alféloas) e noutras efemérides religiosas (pastéis, fartes, bolo doce, rapadura, batatada, alféloa (massa de açúcar ou melaço), desfeitos, pão-de-ló, marmelada, arroz doce, pratinho doce, pão de leite, bolo de mel, pastelão, gila, queijadas e canadas de mel, NASCIMENTO, 1937: 72-75).

Fig. 3 - Cidra cristalizada. Foto Isabel Gouveia.

O Rei Dom Manuel: um apreciador da doçaria madeirense

D. Manuel, além de ter adoptado uma significativa protecção à manufactura de conservas, foi um habitual consumidor das doçarias madeirenses. O regime protecionista do monarca estendeu-se fundamentalmente às medidas para garantir a exportação e a confecção das conservas de fruta diversa pelos naturais da ilha: “(…) em toda  essa ilha não possa fazer ninguém conservas, alfenim, confeitos nem outra fruta de açúcar, somente os vizinhos e naturais da dita ilha (…)”, (Apud, SOUSA, 1983: 6). É importante referir que a procura desta mercadoria para o abastecimento das provisões das embarcações que aportavam no porto do Funchal devia-se, sobretudo, ao excelente teor de vitamina C (nomeadamente as cascas de cidra e de limão), essencial ao combate ao escorbuto (RIBEIRO, 1993: 345-352; SOUSA, 1984: 6-9; GODINHO, 1985: 80-81).

O consumo da Casa Real Portuguesa é-nos dado a conhecer pelo cronista de D. Manuel, Damião de Góis: “Nas vesperas do Natal consoava publicamente em sala, com todo o Estado de porteiros de maçareis darmas trombetas, atabales, charamellas, e em quanto consoava davam de consoar a todolos senhores, fidalgos e cavalleiros, e escudeiros que estavam na salla, na qual se ajuntavam naquelle dia todos los que andavam na Corte por saberem o gosto que el-Rei levava em fazer este banquete, que todo era de frutas verdes e dasucar, e de conservas, que lhe traziam da ilha da madeira, depois desta consoada (…)”,  (GOES, 1911: 92).  

As formas para o pão de açúcar

A azáfama do cultivo e do comércio do açúcar na Época Moderna insular despoletou a importação de um recipiente cerâmico de formato cónico (forma de pão de açúcar) que, de acordo com os novos dados arqueológicos e arqueométricos, terá sido importado das oficinas oláricas de Aveiro e de Coimbra.

A indispensabilidade de grandes quantidades de formas para a lavra dos engenhos e, eventualmente, para as lides culinárias caseiras ou conventuais - onde se admite a sua paralela utilização para a confecção de derivados ou para refinação do açúcar - criou, em contexto arqueológico, abundantes indícios materiais. Por essa razão, se tem considerado que a forma cónica do pão de açúcar, de diferentes tamanhos e com uma perfuração no vértice, é o indicador físico mais característico da arqueologia madeirense. Regra geral, eram peças que se destinavam a verter os líquidos resultantes do processo de purgação do açúcar que, depois de extraído da forma, era cuidadosamente separado, de acordo com a sua qualidade, e em seguida transportado em caixas de madeira (de cedro ou de e de til). Eram cuidadosamente fechadas e barreadas nas juntas, evitando-se a entrada de humidade e as contingências das longas viagens marítimas.

É aceitável inferir que estes contentores cerâmicos necessários à lógica funcional industrial e de engenho, pudessem assumir uma relação com o fabrico caseiro de açúcar (e com a técnica de refinação ou preparação de outras doçarias e conservas de fruta). A descoberta de consideráveis quantidades de formas em escavações arqueológicas de instituições de assistência e religiosas na Madeira e nos Açores torna a hipótese muito plausível. Vamos encontrá-las, por exemplo, no Colégio dos Jesuítas no Funchal, na Misericórdia e no Convento da Piedade em Santa Cruz, no Mosteiro de Jesus da Ribeira Grande e Recolhimento de São Gonçalo, em Angra do Heroísmo (SOUSA, 2011: 424 – 458; SOUSA, 2010: 42-51).  

Ainda a este respeito, é curioso observar que a alegada confecção de pães de açúcar era uma actividade comum no quotidiano Seiscentista do Convento da Encarnação do Funchal, verificando-se o seu envio regular para a vizinha ilha do Porto Santo (GOMES, 1995: 138).

Para os Açores, e a título de curiosidade, com a novidade dos primeiros indícios cerâmicos encontrados em contexto arqueológico (SOUSA, 2010: 42-51), a doçaria do Mosteiro de Jesus na Ribeira Grande era muito afamada traduzindo-se em posterior tradição gastronómica: “Foi ali que teve origem uma grande indústria caseira da Ribeira Grande, a das amêndoas bicadas e ainda por aí andam, em casa dalgumas confeitarias, bacias de latão em que se fabricam e que pertenceram ao convento de Jesus. Quando este se extinguiu, freiras e criadas se espalharam pela vila, ensinando o seu fabrico, que constitui ainda hoje uma das nossas mais curiosas indústrias, A doçaria, como os ovos reais, as trouxas, os bolos podres e as maçarocas de milho feitas com grande perfeição, era também largamente exercida no convento e a arte doceira das freiras fez a delícia de muitas gerações de gulosos não só desta vila, como também de Ponta Delgada” (SILVA, 1949: 9).
Idêntica inferência se admite para o território Continental com a ocorrência de formas de açúcar noutros espaços religiosos, designadamente no Convento de Jesus em Aveiro e no Mosteiro da Misericórdia da Ilha Berlenga. Note-se, para reforço da interpretação, as frequentes dádivas de açúcar madeirense a partir de finais do século XV, e onde por exemplo o Mosteiro de Aveiro recebeu, entre 1504 e 1505, dez arrobas de açúcar (SALGADO, SALGADO, 1986: 8; BRAGA, 1992: 55-56).
Fig. 4 – Pão do açúcar exposto no antigo Núcleo Museológico “A Cidade do Açúcar”, Funchal. Foto Miguel Nunes.

Fig. 5. Formas de pão de açúcar expostas no Núcleo Museológico de Machico – Solar do Ribeirinho. Foto Manuel Nicolau.

A herança da doçaria conventual: a identidade do bolo de mel

Com a extinção dos conventos. o receituário dos doces estende-se, com maior expressão, às casas aristocráticas e às pastelarias. Uma das doçarias mais genuínas é o bolo de mel. É fruto de uma conjugação de ingredientes existentes na Ilha na Madeira no século XVI: o açúcar, o mel de cana e os frutos secos, e outros produtos herdados da civilização europeia (manteiga, banha e farinha), a juntar as exóticas especiarias da Índia, após a viagem de Vasco da Gama (SOUSA, 2008: 32).

Tradicionalmente o receituário deste afamado bolo surge associado ao convento franciscano de Santa Clara, e segundo os registos terá chegado à Madeira, em finais do século XV, pela mão de frei Jordão do Espírito Santo (SOUSA, 2008: 37). No interior do convento as freiras adicionaram ao bolo as especiarias do Oriente, especialmente o cravinho. O historiador João José de Sousa apresentou recentemente um receita aproximada do bolo de Mel do Convento de Santa Clara dos séculos XV e XIX, que pela sua singularidade transcrevemos (SOUSA, 2008: 40-41):

“Ingredientes
Farinha -4kg
Mel de Cana – 3 L (de qualidade nada de melaços!)
Açúcar de Cana – 1,5Kg
Canela Moída – 125g
Erva-doce moída – 125g
Cravinho moído – 30g
Manteiga – 1Kg
Banha – 1/2Kg
Fermento – 2 pães (em massa)
Nozes, amêndoas, passas, cidra (a gosto de quem faze os bolos)
Levedura – um pouco”

Algumas observações a respeito da feitura deste bolo são interessantes. Anota-se que o forno de cantaria mole não deveria estar muito quente, da mesma forma que o mel de cana deveria ser bem aquecido sem, no entanto atingir a fervura. Os bolos eram cozidos em recipientes do tipo folha-de-flandres, untados com manteiga e ficavam a levedar durante três dias, antes da cozedura (SOUSA, 2008: 41). Trata-se de um bolo normalmente confeccionado em Dezembro, por altura da Festa do Natal e tradicionalmente partido à mão e comido acompanhado de vinho velho e licores.

À parte deste bolo rico, e de produção em meios com maior poder de compra, generalizou-se em estratos menos abastados a confeção de um género de bolo de mel menos elaborado e para consumo imediato. Daí que seja popularmente conhecido por “bolo de um dia”.

Por alturas de Dezembro presenciámos o seu fabrico, confeccionado pela senhora Rita Martins num forno de cantaria vermelha, na Freguesia de Gaula. Transcreve-se parte de pequena crónica realizada a partir da cozinha de lenha: “Os ingredientes são misturados de forma gradual, com abundantes frutos secos e cristalizados, não faltando o mel de cana que dá nome ao bolo. As vasilhas são untadas com banha de porco, enquanto o forno equilibra a temperatura ideal. Depois de varrido o forno, o bolo vai a cozer, já com as amêndoas e com as nozes na face superior. Passado algum tempo, o cheiro envolve a cozinha a lenha. Retiram-se os bolos do interior do forno e deixa-se arrefecer. Mais tarde, estão prontos a consumir, até às festividades dos Reis.” (SOUSA, 2009: 24).


Figs. 6  e  7 – Feitura do “bolo de mel de um dia” pela senhora Rita Martins. Fotos Élvio Sousa.
Fig. 8 – Produtos típicos da Fábrica de Mel do Ribeiro Sêco (mel de cana, broas e bolo de mel). Foto João Carlos Melim.

Os engenhos do século XIX e ressurgimento do mel de cana

O mel, produzido nos engenhos de açúcar madeirenses é igualmente um produto afamado, sendo muito utilizado na confecção de doçaria tradicional, que além do bolo dá o nome às broas, exigindo apenas a erva-doce como especiaria.

No século XIX a Fábrica do Ribeiro Sêco (ou da Cruz de Carvalho), no Funchal, passa a especializar-se na produção de mel-de-cana para a doçaria madeirense. Fundada em 1883 por por Aluísio César de Bettencourt é na actualidade uma das referências madeirenses na produção de mel de cana e de outras confeitarias (broas e bolo de mel). Num opúsculo editado pela Fábrica do Ribeiro Sêco o impressor esclarece que o mel da sua produção é distinto do melaço de cana, reunindo excelentes qualidades terapêuticas como alimento profiláctico e regenerador do organismo humano. Salienta a qualidade de iguaria natural muito rica em proteínas (ferro, cálcio, magnésio, cobre e vitamina B1, B2 e PP).

Ao abordar esta temática, é possível recuar no tempo e aos finais do século XVI onde surgem as primeiras referências a uma espécie de broa de mel que, infelizmente, caiu em desuso, e que segundo o relator (Manuel Constantino) os autores que o antecederam nunca lhe fizeram menção: “Faz parte da alimentação dos madeirenses uma espécie de brôa ou bôlo feito de pão torrado, que levam a coser na ultima cosedura da garapa, e a que deitam por cima gemas de ôvo-piteu que tem a superior virtude de refazer as forças perdidas e que muito contribuiu para a boa regularização das funções do estomago e intestinos. São estes a meu vêr, particularidades curiosas da cana de açucar e que tenho o prazer de dar em primeira mão, pois delas nenhum escritor faz menção” (CONSTANTINO, 1930 [1599]: 22).

O costume de condimentar as refeições com melaço de mel era habitual no meio madeirense no século XVIII. O inglês John Payne, que visitou a Madeira por volta de 1750, revelou um prato ao jantar que lhe parecia exótico: “Às vezes tínhamos mistura, um prato muito apreciado pelos naturais, consistindo em peras, passas, pão e ovos, fervidos com salsa e outras ervas (…). O segundo prato consistia sobretudo em uvas, cozidas como se fossem plantas leguminosas, e misturadas com miolo de noz e doce de marmelo, inhame cozido e assado, e uma espécie de fritura sobre a qual era derramado melaço.“ (SILVA, 2008: 50).

Voltando à Fábrica do Ribeiro Sêco, servimo-nos do depoimento de um proprietários João Carlos Fernandes Melim, para conhecer as fases principais do fabrico do mel. A laboração inicia-se entre Março e Abril de cada ano, com os inúmeros carregamentos de cana-de-açúcar e a fase da espremedura nos engenhos para extração do sumo, conhecido localmente por guarapa. Após uma primeira filtração segue-se o momento da cozedura e, em seguida, uma nova depuração em cujo líquido desponta em filtros tendo por escoamento pequenas torneiras de cobre dourado. A fase final do processo segue parâmetros do “segredo da profissão” e que, em síntese, se resume à passagem da guarapa para os evaporadores e posterior cozedura, resultando numa espécie de néctar de cor escura (“xarope”) com sabor a mel-de-cana mas, ainda, necessitando de um apuramento final com nova cozedura e concentração. Finalmente o líquido repousa num reservatório metálico, onde arrefece naturalmente a fim de ser comercializado (MELIM, 2005).

O mel de cana é frequentemente utilizado à mesa dos madeirenses pelo Natal e Carnaval. As razões desta sazonalidade devem-se, essencialmente ao fabrico do bolo, broas de mel e malassadas. Mais recentemente a utilização do mel de cana tende a sair do estereótipo sazonal, procurando-se uma utilização mais frequente na cozinha turística e local. Numa publicação recente, o Chefe Octávio Freitas, partilha o receituário com mel, no acompanhamento de entradas (salada “caprese” de morangos Mozzarela de búfalo e mel-de-cana e figos grelhados com mel-de-cana); de pratos de peixe e carne (cavala da Madeira com cebola crocante em mel-de-cana e broa de milho amarelo e rins de novilho em crosta de mel-de-cana e puré de castanhas) e de sobremesas (cassata de maracujá roxo com bolo de mel e colheradas rubi de banana com mel de cana), (FREITAS, 2008: 44-175).

Fig. 9 – Interior da Fábrica do Ribeiro Sêco na segunda metade do século XX. Foto Arquivo Família João Carlos Fernandes Melim.

Fig. 10. Filtros do engenho do Ribeiro Sêco. Foto João Carlos Melim. 

À mesa e ao balcão no século XIX: banquetes e confeitarias

Para uma visitante aristocrática inglesa como foi Isabela de França, que visitou a Madeira no final dos anos vinte do século XIX, a especialidade madeirense resida na “secção dos doces”. No convívio de um baile de gala sublinhou a magnificência da ceia com pratos de peixe e carne, tecendo rasgado elogios à doçaria: “É imensa a sua variedade; fazem-nos de formas imaginosas e dão-lhes nomes extraordinários. Chama-se ovos-moles um género opulento de leite-creme. Ovos reais, quando eles ficam, com a aletria, em fios, e servem para decorar outros doces. Vi um leão britânico feito de pão-de-ló, tão grande como um gato, coroado de prata e com muitas estrelas pelo corpo; a juba e a extremidade da cauda eram de ovos reais. No outro lado da mesa estava a águia americana confeiçoada com os mesmos ingredientes. A uns bolinhos preciosos dão o nome de beijos de frade. Certa massa em forma de sincelos denomina-se lágrimas. Mas de todos os nomes o mais estranho é o de toucinho-do-céu aplicado em geral a umas fatias, que também podem tomar aspecto de perna de porco ou até de um cordeiro” (FRANÇA, 1970: 174-175).

O século XIX é a altura da profusão da doçaria nas primeiras confeitarias urbanas. As mais populares, a Felisberta na Rua das Pretas (fundada em 1873), a Casa Payne na Rua da Alfândega, e outros “mestres” como T. Bentham (padeiro inglês, fabricante de pastéis de doce e bolos para festas) e Reynaud & Cª no beco de S. Emília, produtora de bolos de mel, queques, pudins e bolos de família guarnecidos com alfenim (TRUEVA, 1984: 21; SARMENTO, 1941: s/p.).    

O eventual desaparecimento do espaço físico da prestigiada Confeitaria Felisberta, sita ao n.º 65 da Rua das Pretas, e frequentada pela famosa Imperatriz da Áustria Sissi, era visto como uma “onda contagiosa de mau gosto”, no seguimento do destino de outros estabelecimentos de referência da Cidade do Funchal, tais como o “Golden Gate”, a “Indiana” e a “Havanesa”. Nos seus “Passos na Calçada”, Nelson Veríssimo retrata a imagem actual: “Das queijadas, dos pastéis de amêndoas, E os armários não têm frascos de compota, ameixa, amora…nem garrafas se sumo de maracujá. Teias e pós, apenas.” (VERÍSSIMO, 1998: 19-20).
Fig. 11. Aspecto da fachada da antiga Confeitaria Felisberta (1837), no Funchal. Foto Élvio Sousa.       

Fig. 12. Interior de uma “venda” em Santo António da Serra, Madeira. Desenho de W. S. Pitt Springett Lit. – T. Picken, cerva de 1843. Propriedade: Museu Quinta das Cruzes. 


A doçaria na mais antiga Capitania dos Descobrimentos (Machico): a Casa de Chá Paradise e a Confeitaria Mariazinha

Machico surge referenciado nas fontes impressas como local de escolha na experimentação inicial do cultivo, produção e venda do açúcar. Tanto Gaspar Frutuoso, como Jerónimo Dias Leite transcreveram, no século XVI, esse pioneirismo: troxerão ha planta ha Machiquo que aprendeo de maneira que ho primeiro asucre que se uendeo nesta Ilha da Madeira foi na Villa de Machiquo donde se começou ha fazer e recolherão treze arrobas delle que se vendeo cada arroba por cinquo cruzados que mais se comprou por mostra pera se uer ha fermosura delle (...)”, (LEITE, 1947:102).

Terra de fortes tradições açucareiras, e com engenhos a laborar nos séculos XIX e XX às portas da antiga vila, conhecem-se duas referências incontornáveis da doçaria regional em Machico: a Casa de Chá - Paradise e a Confeitaria Mariazinha.

A Casa de Chá, desaparecida nos anos 70, foi um projecto iniciado por Frederico Soares e a esposa, Ester Dória, durante a Segunda Grande Guerra (CRISTÓVÃO, 1994: 69-71). Local aprazível, em ambiente achalezado, era muito apreciado pela alta qualidade dos chás e doçarias: os batons de amendôa e de noz (as Madeleines), as joaninhas, os palitos de cerveja e as bolas d´areia. Tinha grande reputação no meio turístico, e muito apreciado por personalidades da cultura, das artes e da política, assim como da alta sociedade e burguesia madeirenses.

Um outro espaço de reputação da baixa machiquense, e tradicionalmente procurado por vários estratos sociais, é a Confeitaria Mariazinha. Fundada nos inícios do século XX por Maria Cândida Gomes começou pelo fabrico artesanal de pão e de alguns doces, sobretudo pelo Natal, Páscoa, Pentecostes e festas de casamento. Dentre dos produtos confeccionados menciona-se as capelas, uma espécie de pãozinho doce, de forma arredondada, e que veio a desaparecer dos hábitos de consumo de Machico (ANDRADE, 2012: s/p). Em meados dos anos vinte José Teixeira Galú e a mulher, Maria Cândida Gomes, estabelecem-se com uma pequena padaria à Rua da Estacada e que funcionava também como doçaria. Produziam manualmente bolos e doces secos (pão-de-ló, bolo saboia, bolo manteiga, bolo de manteiga com cacau, bolo laranja, bolo preto, broas de mel, broas de manteiga, rosquilhas de manteiga, rosquilhas simples, rosquilhas fofas - com massa semelhante à das capelas); e ainda os bolinhos de noiva (pouco doces), uma espécie de bolinhas duras que se atiravam aos noivos à saída da igreja. As claras dos ovos, eram utilizadas para fazer suspiros, adicionando açúcar e limão (ANDRADE, 2012).

Entre os anos vinte e sessenta havia um espírito enorme de solidariedade nestes meios semi-urbanos. Era usual deslocarem-se à Mariazinha, pessoas de menores recursos para ali fazerem e cozerem gratuitamente os seus doces pela Festa do Natal e roda-viva dos casamentos familiares. Também, as pessoas mais abastadas da antiga Vila de Machico iam à confeitaria para cozer os bolos e doces que, na maioria dos casos, já traziam preparados de casa. O facto desta pastelaria dispor de um forno de pedra refractária de cantaria vermelha do Caniçal, que proporcionava uma excelente cozedura aos produtos, era motivo de grande procura, ao que se juntava as fragrâncias libertadas pela queima de ramagem de pinheiro bravo e ou de eucalipto durante o aquecimento do forno. Possuidores de receituários de família, os morgados confeccionavam os bolos de mel e alguns doces secos considerados mais graciosos, consumidos por altura do Natal até ao Dia de Reis (biscoitos coroados com fruta cristalizada e broas de mel coroadas com miolo de amêndoa).

Fig. 13 – Casa de Chá de Machico – Paradise. Foto Arquivo da Câmara de Machico.

Fig. 14 – Rua Direita de Machico, local de grande azáfama de comércio e onde se instalou nas proximidades (Rua da Estacada) a Confeitaria Mariazinha. Postal ilustrado, propriedade Ricardo Caldeira.

Doces caseiros e de arraiais

Nos meios populares generalizou-se a feitura de bolos e doçarias variadas. As mais conhecidas da gastronomia tradicional madeirense sãos as broas e o bolo de mel, o bolo preto, o bolo podre, o bolo família, as rosquilhas (biscoitos muito finos compostos por dois fios de massa entrelaçados), o pão-de-ló, os pirolitos, as paciências, as queijadas e os suspiros. Sobre estes últimos, muito comuns nos típicos arraiais madeirenses, têm fama os produzidos manualmente pela senhora Isalina Vieira Cardoso, que os comercializa no mercado local e festas populares.
Muito comuns são, também, os doces ou compotas (amora, uveira da serra, marmelo, figo, abóbora amarela, tomate, goiaba, entre outros) e os tradicionais rebuçados de funcho.


Figs. 15 e 16 – Feitura dos deliciosos suspiros pela Senhora Isalina Cardoso. Fotos Élvio Sousa.



Élvio Duarte Martins Sousa, Gaula, 14 de Maio de 2012

Artigo publicado no livro "Sabores e Saberes da Doçaria Portuguesa".


 Bibliografia

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terça-feira, 16 de outubro de 2012



Foto DR.


O ESTADO DA NAÇÃO OU O QUE RESTA DELA


Estamos num momento de fragmentação social. O Estado que não quer reduzir a despesa dele próprio, faz depender o abaixamento do deficit aumentando a receita, pela excessiva contribuição dos cidadãos,
 dos mais pobres aos mais remediados.


Hoje, escrevi ao 1. ministro para obter uma cópia de uma despesa pública de um conselheiro para as privatizações (António Borges); que conforme se vê pelo currículo na área especialista da gestão e da economia é um especialista em secar a "teta".



Aqui vai:
 "Ex. mo Senhor Primeiro-Ministro de Portugal
Licenciado Pedro Passos Coelho
Palacete de São Bento 
Rua da Imprensa à Estrela 2
1200-888 LISBOA


ASSUNTO: REPRODUÇÃO POR FOTOCÓPIA DO CONTRACTO OUTORGADO ENTRE O GOVERNO PORTUGUÊS E O CIDADÃO ANTÓNIO BORGES.



Élvio Duarte Martins Sousa, residente à Estrada Padre Alfredo Vieira de Freitas, (...) Freguesia de Gaula, Concelho de Santa Cruz, Região Autónoma da Madeira, com o cartão de cidadão n.º (...), vem, pelo presente, requerer a Vossa Ex.a - e no pressuposto do CPA e da LADA - uma cópia do contrato outorgado entre o Governo de Portugal e o cidadão António Mendo de Castel-Branco do Amaral Osório Borges.
Pede e espera que V. Ex.a lha defira; 



Com os melhores cumprimentos




Élvio Duarte Martins Sousa"