terça-feira, 2 de julho de 2013

A ROMAGEM DE SÃO PEDRO, SANTA CRUZ

"Charola", edição de 2012. Foto ÉS.


Reconhecendo-se a importância do património cultural imaterial, e aos recentes normativos que tendem a proteger as práticas socias e eventos festivos (como componentes do património cultural imaterial), o grupo de cidadãos eleitores Juntos Pelo Povo (JPP), apresentou uma proposta de registo patrimonial de inventariação da Romagem de São Pedro, na Freguesia de Santa Cruz, Concelho de Santa Cruz, que se realiza anualmente no dia 28 de Junho.

Essa manifestação imaterial, de ativa participação das comunidades nas práticas sociais festivas de natureza religiosa e profana carece presentemente, e à luz das recomendações europeias e nacionais da salvaguarda do património cultural, de uma manifesta proteção jurídica, onde os municípios com as suas atribuições desempenham um papel catalisador e de salvaguarda fundamentais.

O evento festivo tradicional da Romagem de São Pedro tem início no Sitio da Fonte dos Almocreves (na área Norte da Paróquia da Lombada) - e desloca-se até ao Sítio da Boaventura (área Sul da citada Paróquia), onde está sediado o templo religioso Capela de São Pedro.

Edição de 2012. Foto ÉS.


Durante o percurso a romagem vai passando e vai agregando romeiros dos vários sítios, com a integração de barcos construídos em madeira (recheados de produtos agrícolas), gaiolas com animais vivos, charolas feitas com produtos agrícolas, e outros componentes materiais confecionados pela comunidade local.
Acompanha a romagem o pároco, os (as) festeiros (as), as entidades civis convidadas, uma banda de música e um ou mais grupos folclóricos.

Esta iniciativa visa, além da preservação de uma tradição ancestral, a promoção cultural de uma das atividades tradicionais que persistem num mundo cada vez mais globalizado, onde as atividades genuínas e identitárias merecem ser preservadas e promovidas.

in Semanário Tribuna, 28 de Junho de 2013.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Património do início do século XX - do Lar para o Jardim



Panela de Ferro a servir de vaso para flores, Gaula. Foto ES

Um dos trabalhos que faltam estudos de pormenor é o das panelas de ferro, muito comum nos lares madeirenses da primeira metade do século XX. 

A pouco e pouco vou realizando o levantamento: das tipologias, marcas, formas de uso e funções.


Em Gaula, é muito comum ver o fenómeno de desfuncionalidade (ou refuncionalidade) deste património de ferro nas diversas formas decorativas de jardim, ou nos terreiros das casas.


terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Pão de casa à moda da Rita, em Gaula



O início da manhã do ano novo trouxe o cheiro do pão caseiro e do forno quente. A lenha aquece a cantaria refractária vermelha do Caniçal até que a boca do forno dê o sinal cromático do aquecimento desejado para uma enforna do pão.
Rita Heliodora Martins a retirar o pão caseiro do forno.


O alguidar, hoje de plástico claro, e herdeiro da “amassadeira” redonda de madeira e do recipiente quadrado, leva farinha de trigo, batata-doce, sal, fermento padeiro e fermento em massa de pão, geralmente da última amassadura. Este condimento de massa lêveda, normalmente retirado da raspadura do alguidar, e que se chamava antigamente o “acrescento”, era guardado num pires de loiça de Sacavém, com a cobertura de uma folha de couve. Era colocado num armário de madeira ou na cantoneira da casa.


Perspectiva do forno de cantaria. Foto ES.


A massa, depois de bem amassada e misturada até “deixar de pegar”, fica uma hora a levedar abafada com toalha e cobertor. Entretanto, depois do forno varrido, é enfornado com a seguinte expressão:“Nosso Senhor te acrescente no forno / E graça de Deus pelo mundo todo/”.

Vigiado para não queimar demais, é retirado com auxílio de uma pá e a aguardar a chegada da manteiga. Bom demais…