quarta-feira, 4 de julho de 2012

Mercados e feiras da antiga Vila de Machico


Elevada a vila no início da segunda metade do século XV, Machico concentra actualmente, ao nível do centro histórico, um significativo conjunto com interessantes registos de arquitectura religiosa (igreja matriz, capelas de São Roque e Milagres); civil/vernácula e erudita (solares Cupertino Câmara, Ribeirinho, entre outros); militar (fortes de São João Baptista e de Nossa Senhora do Amparo); e outros equipamentos utilitários (fontanários, aqueduto, cisternas, mobiliário urbano).
Rua Direita em Machico (Actual Rua General António Teixeira de Aguiar). Postal ilustrado propriedade Ricardo Caldeira.

É lícito afirmar, que a centralidade mercantil ou comercial entre os séculos XV e XIX tenha coincidido geograficamente com o chamado “bairro da vila", ou seja, com o polo geográfico que concentra o principal edifício religioso (a igreja de invocação a Nossa Senhora da Conceição), as "casas da câmara”, o pelourinho, o poço-cisterna primitivo e a alfândega.
O fervilhar das gentes, do comércio, das lojas, dos mercados, das mercadorias assinalava maior expressividade em dois sítios, em particular:
- No arruamento nuclear central: a alongada e tortuosa Rua Direita (actual Rua General António Teixeira de Aguiar, atente-se ao postal que acompanha o texto), que representava o eixo primordial de entrada e saída da antiga vila, coincidindo o seu traçado com a localização dos espaços públicos de maior afluência (a igreja e a câmara), em torno do qual se definiram, também, os espaços de “praça” ou de “largo”, ainda hoje perpetuados na toponímia local.
- A “Praça da Feira”, localizada a Oeste do actual edifício da câmara municipal, e que durante muitos anos funcionou como mercado central de Machico, dotado de um excepcional chafariz Oitocentista em mármore, equipamento público que garantia, na perda de funcionalidade do poço central, a afluência da população ao local.
Em suma, é possível deduzir que até aos finais do século XIX era na “Praça de Feira” que se comercializavam grosso modo os produtos locais, tendo o Município mandado construir nos inícios do século XX a praça de Peixe de São Pedro (actual mercado municipal), e o Mercado Velho, que acabou por integrar o fontenário de mármore da antiga “Praça”.

Élvio Duarte Martins Sousa, Maio de 2012 (texto a publicar na imprensa diária)

Sem comentários:

Enviar um comentário