O Rosto, a Chamada
e a certeza…
Mário Gouveia
escreveu: “Vi na
RTP Madeira a vaia ao Presidente da Câmara de Santa Cruz pela população de
Gaula. Gostaria que tivesse sido expontânea, popular. O que me parece e que foi
instrumentalizada pelo grupo político de Gaula e, se assim foi, vale zero a
vaia e, perde pontos este grupo que, parece-me, aproveita os incêndios para
fazer campanha a pensar nas eleições Autárquicas! Triste política, pobre
política....são todos iguais!!!!”
Eis a minha
opinião, como político pouco experiente e cidadão:
Tenho imenso
respeito por todos os profissionais da comunicação social. Na segunda-feira
passada, estive com o Mário Gouveia, em Gaula, e infelizmente não tive
oportunidade de ver a notícia, pois além de chegar a casa “às tantas”, não
tenho tv cabo, com muita gente de Santa Cruz.
Nesse mesmo
dia, gerou-se o burburinho sobre a retoma das férias do presidente de Santa
Cruz, José Alberto Gonçalves. O assunto foi aclarado em off nessa conferência de imprensa e, mais tarde, confirmado pela
RTP, RDP, Diário de Notícias da Madeira, Diário Cidade e Tribuna. Não sei se a
TVI o noticiou, mas em qualquer parte do mundo a ocorrência, transformada de
boato em certeza, foi (e seria) notícia, e espalhou-se pelas mentes
esclarecidas.
Na sexta, dia
27, convoquei pela autarquia de Gaula, como sempre às 14h, a comunicação social
para a reunião pública ordinária da câmara e, pela primeira vez, em quase três
anos de mandato, vi os serviços da câmara a solicitar com antecedência a
população do Norte e Sul de Gaula, inclusive pedir ao pároco que o publicitasse
nos microfones da igreja.
Nessa mesma
sexta, e após ter pedido desde o dia dos incêndios uma viatura, pás, baldes, à
Câmara de Santa Cruz - e nada; e de ter constatado que outros presidentes de
junta viajavam com viaturas da câmara, e deputados da maioria com viaturas da
câmara e do governo - o senhor presidente da camara visitou as áreas atingidas
de Gaula, inclusive a sede de autarquia, fez-se acompanhar de outros
presidentes de junta, e nem teve a delicadeza de nos informar.
E muitas
outras passagens discriminatórias, que é do domínio público, inclusive a do
presidente do Governo, cuja comunicação social acompanhou e teve olhos para ver.
Portanto,
Mário Gouveia, fala enquanto cidadão é certo, de instrumentalização do "grupo político de Gaula", mas parece
não ver que a politização partidária dos incêndios nasceu na quinta-feira
passada. Portanto, é mais fácil rebaixar os mais fracos e os “pequenos” que
desde o primeiro momento estiveram junto do povo, e desobstruir a via dos ricos e dos pretensos
poderosos…
Na mesma
sexta-feira, Mário Gouveia ligou-me, talvez por volta das 13h. Estava com um
naco de carne na mão, depois de uma manhã a ajudar a limpar e a percorrer as
famílias a freguesia, para tentar arranjar soluções no terreno. A conversa foi
lacónica, e ao mesmo tempo carregou um cenário de emocionalmente distinto do
meu. Percebi logo, pela também formação alternativa de ver além das palavras,
que a coincidência da acção carregava um serviço de "recados a
granel".
Enfim, acho
incrível, com tantos episódios de férias na calamidade ou de ostracismo na
escolha - não vir questionar uma ausência do coordenador da protecção civil
concelhia, e assumir uma critica forte sobre uma presença colectiva
contante de vereadores, autarcas, voluntários, designadamente do grupo político
que faço honradamente parte,
Pois, são critérios.
Tenho os olhos bem abertos, como o lobo da história do capuchinho vermelho. A
partir de agora verei melhor..., sem correr o risco de ser abatido pelo
caçador.
Élvio Sousa, 29 Julho de 2012
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