Fotos Miguel Nunes. |
"A arquitectura tradicional madeirense não se mede pela leitura unilateral do imóvel. Ao seu redor, à superfície e à cobertura, persistem outros elementos arquitectónicos ou decorativos singulares da cultural local.
O costume de colocar nos acabamentos dos telhados pequenos objectos de barro ou de argamassa vem de há muito tempo. Se observarmos as casas mais abastadas, algumas solarengas em ambientes rural ou urbano, deparamo-nos com elementos figurativos mais simples, do tipo lanças mais ou menos esguias. São, em geral, apontamento sóbrios mas elegantes, de acordo com o panorama da arquitectura em geral.
No início do século XX generaliza-se o uso dos remates de telhado nas habitações madeirenses. Proliferam os mais diversos elementos figurativos: cabeças de meninos e de fidalgos, papagaios e pombas em repouso e de asas levantadas, cabeças de gatos e de cães, dragões e outros elementos geométricos. A variedade do material da cobertura acompanha a matéria-prima do remate.
Esta característica arquitectónica singular, tem sido esquecida pela maioria dos investigadores da arquitectura madeirense. Há pouco tempo a Junta de Freguesia da Freguesia de Gaula, em parceria com um grupo de amigos do património iniciou um levantamento exaustivo destes elementos. O estudo revelou um conjunto de dados interessantes, ao nível das formas de aquisição das peças, dos critérios decorativos e da dispersão figurativa dos exemplares.
Anos antes, a Associação de Arqueologia e Defesa do património da Madeira (ARCHAIS) iniciou um programa experimental de recuperação e valorização dos remates, após uma candidatura ao programa Líder+. O resultado dessa acção foi positiva, porque aquilo que até então era aparentemente invisível pela população em geral, passou a estar no plano visível da preservação.
Quem não conhece não ama. Ao conhecer, a comunidade passou a revelar um outro cuidado na manutenção destes elementos decorativos. A memória agradece e salvaguardaram-se pequenos restos de cultura que fazem da nossa identidade material um marco histórico-cultural."
Élvio Duarte Martins Sousa, Revista Rugas, Julho de 2006
Para mais informações consulte o livro: Remates, Telhas e Moldes. Gaula como Caso de estudo, Grupo Informal de Amigos do Património, Junta de Freguesia de Gaula, 2006.
Boa tarde,
ResponderEliminarPor acaso sabe se ainda há empresas a fabricar remates?
Tem contacto?
Obrigado.
Ns